JOÃO COSER  2016 - 2024





Desalinhamento Estrutural (2020)

No projeto "Desalinhamento Estrutural", apresento uma série orientada para fotografia e composta por oito imagens e uma vídeo-performance. As fotografias foram meticulosamente organizadas em trípticos e díptico, revelando uma narrativa onde eu atuava em posições de submissão e poder. Por meio da minha expressão como performer, traço, moldo e manípulo uma linha vermelha que perpassa meu ser, criando uma reverberação visceral que mescla as fronteiras entre o interno e o externo. Existe um elo intrínseco entre elementos como o olhar, o corpo, as linhas, o sangue e a carne. Quem manipula esses elementos? Surge assim uma grande roda que perpetuamente gira, uma melodia ancestral, uma dança de dualidades: dois corpos, neutros, em um constante jogo de sim e não.

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Sobre o corpo que vemos encoberto pelo vermelho: um grande "mapa" em um adensado de sensações. É como se um trajeto da carne interna se desdobrasse em sua essência vermelha e pulsante, uma pele desintegrada sobre o corpo que, ao mesmo tempo, o envolve. Uma indumentária sanguínea que pulsa, respira e se contorce. Conforme revela Merleau-Ponty, a carne é uma textura que retorna a si mesma e se adapta a si mesma, manifestando uma abertura de sentidos. A discussão fluente sobre a cor que se manifesta, o vermelho, impregna a superfície da tela e nos transporta para nossas ambiguidades subjetivas.


Processos Investigativos - Parte I [2018] ou Mergulho do Corpo

A instalação sensorial "Processos Investigativos - Parte I [2018]" foi estruturada como um penetrável de lãs vermelhas, de tamanho 2 x 2 x 3 metros. Ao chão, outro elemento, grãos de arroz formava um tapete, escondido à primeira vista do participante. Na parede ao fundo, as vídeos-performances, Comer e Vestir, que atribuem parte do trabalho multimídia.

A experiência sensorial da instalação se inicia com um convite dirigido ao público: adentrar e se auto descobrir. Aqueles que optam por esse caminho, o da imersão, permitem-se explorar sensações acolhedoras proporcionadas pelas lãs vermelhas vibrantes e pela própria presença física ao caminhar sobre um "mar" de arroz cru espalhado pelo chão. O "penetrável" elaborado aqui busca proporcionar experiências aos espectadores, convidando-os a vivenciar a cor de maneira participativa, abandonando a contemplação tradicional em favor de uma relação mais ativa. "Processos Investigativos - Parte 1" é concebido como um espaço habitável, um território que transcende a mera estrutura física, assumindo características de uma arquitetura penetrável. Dessa forma, a noção de casa neste projeto se revela como uma construção efêmera inserida em meio a uma arquitetura duradoura, preocupada com as sensações, as interações e as permissões, promovendo a criação conjunta e explorando nossa relação com o espaço.

Performance VestirPerformance Comer 




Casa Fragmentada (2016)

A obra "Casa Fragmentada" é constituída por uma série de fotografias e uma vídeo-performance. Explora questões relacionadas à metamorfose do ser e introduz a noção de uma pele, representada por um filme plástico que compartilham semelhanças simbólicas, formando uma camada protetora, um envoltório que proporciona calor e elasticidade, sugerindo conforto e aconchego para aquilo que guarda e protege. Essas afinidades alegóricas e simbólicas exploram no elemento do filme plástico um ornamento: tornam-no uma vestimenta que envolve o corpo, criando uma camada térmica que o aquece e o preserva do ambiente externo. As fotografias e vídeos evocam a ideia de uma casa, um casulo, representando fragmentos do Eu em múltiplas formas.

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A concepção deste projeto emergiu durante a busca pela reconexão com um com um corpo-casca, um receptáculo que abriga suas memórias, afetos e desejos, expressos através de gestos-símbolos que conservam vestígios fossilizados de nossos momentos mais íntimos. Este trabalho explora uma jornada que atravessa a experiência da vida e da morte, revisitando o trauma do nascimento, e se expande para abraçar um retorno cósmico, identitário e planetário.

Série Plastic Film (2016)

A série Plastic Film é composta pela vídeo-performance "Editorial de Autodestruição" (2016) e pelo díptico fotográfico "Este Produto Contém" (2016). A vídeo-performance acompanha-me diante de uma câmera que não apenas registra, mas busca capturar uma atmosfera sombria, um sentimento difuso e uma fobia pré-existente. O registro é áspero, seco e sem concessões, revelando, através das lentes do cinegrafista, o intrincado jogo identitário do performer. O filme plástico neutro, transparente, transforma de maneira transcendente a identidade facial da persona. Por meio de gestos repetidos, ora lentos, ora acelerados, o rosto-identidade é deformado pelas múltiplas camadas geradas pelo filme plástico, pela exposição à luz e pelas reações decorrentes do envolvimento da cabeça.

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O díptico fotográfico foi concebido ao capturar a tela do computador, essa abordagem acrescenta uma "deformidade" à imagem, onde o pixel introduz uma interface tecnológica, subvertendo o dispositivo e desafiando sua natureza mercadológica. A "deformação" impõe um filtro que confere à imagem a aparência de capturas de uma câmera de vigilância. As duas fotografias, distintas entre si, entrelaçam-se no díptico, destacando a captura da boca envolta em um jogo de respiração e sufocamento.







O OPPELT Six degrees (2022)

Os OPPELT representam objetos performativos, concebidos através de dispositivos tecnológicos simples, demandando apenas um entendimento básico de "novas tecnologias", uma vez que se baseiam em uma materialidade já decodificada pelo grande público. A proposta subjacente é que cada OPPELT explore novos horizontes: construir [coisas] destinadas a habitar o mundo e provocar uma alteração em nossa percepção da realidade. Os OPPELT buscam uma transfiguração da percepção, do olhar, do caminhar e da própria corporeidade. Nesse contexto, um elemento crucial emerge: o "participador", pois os OPPELT necessitam da ativação por parte do outro para adquirirem um novo significado, revelando-se a cada interação como uma nova camada, subjetividade, autor e narrativa.

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Marelle (2018)

Marelle é uma proposição pensada na ativação do corpo do espectador. À vista disso, o trabalho configura-se no âmbito relacional do jogo amarelinha. Defronte ao jogo, o expectador/participador é instigado a brincar a amarelinha proposta pelo artista, numa visada de ativar a memória através dos códigos e gestos apreendidos, registrados na memória corporal. O trabalho Marelle convida o participante a experimentar seu próprio corpo, assim como, por interposição desse jogo, questiona-se o modo como o público se relaciona com o espaço institucional de cultura. 


Conta-me (2017)

Conta-me se apoia no tempo de espera. o artista dispõem de copos, uma jarra com água e um conta-gotas, durante três horas, o performe com o conta-gotas vai transferindo a água do jarro para os copos espalhados no chão.

Da matéria a cor n° 2 (2017)

A ação-performance-instalação Da matéria a cor n° 2 acontece inicialmente com a ação do corpo em desenrolar fios de lã sobre determinado espaço. Criando rizomas que resgatam memórias e afetividades com a cor estabelecida para a realização da performance.

Da matéria a cor n° 1 (2016)

Realizada em Vitória, Espírito Santo em frente à Assembleia Legislativa - dimensão indeterminada - com linhas de novelo de lã.